news 49: afinal, o que é barato?
como pensar em preço a partir de um raciocínio que respeita seu orçamento, seu estilo de vida e seu armário (e é menos julgador do gasto alheio)
O papo de que barato é relativo é desses clichês que se escuta e se repete muito mas se tem dificuldade de dimensionar no dia a dia - e a gente nota isso a cada cliente que atende, que sempre ressalta que as lojas em que consome estão caríssimas, ainda que o valor das peças de cada marca varie muito. Se barato é um conceito individual, como você mede o quanto gasta com cada item que compra?
Para começar essa conversa, talvez o caminho mais fácil fosse falar sobre a qualidade dos produtos que se consome, passando pela valorização da mão de obra de quem faz sua roupa até o material de que são feitas. Mas a realidade é diferente: nem sempre o que custa mais caro é melhor, vai durar mais tempo no seu guarda-roupa ou tem uma produção que respeita o ser humano. E aí a coisa já complica!
De outro lado, a gente poderia optar por uma abordagem mais das finanças sobre o tema, para definir o percentual do seu salário que pode ser usado para comprar roupas mensalmente e quais itens são necessários para tornar seu guarda-roupa funcional, em um exercício matemático que resultaria no ticket médio de cada peça. Mas será que funciona para todo mundo esse raciocínio completamente desvinculado da emoção toda vez que for comprar?
Mais ainda, vivendo em uma época de bombardeio de informações pelo algoritmo, tendências novas que surgem a cada semana, fast fashion com produções gigantescas em cada vez menos tempo e a possibilidade de comprar diretamente do sofá de casa, como julgar se o quanto custa aquela peça que você tem desejado se justifica dentro da sua realidade (sem falar na realidade do país)?
Por todos esses motivos e muitas outras variáveis, para além do preço, falar sobre barato e caro é falar sobre o valor que aquele bem tem para você - o que se relaciona mais com o seu estilo de vida do que com o quanto você fatura. E aqui vem uma informação que talvez te surpreenda: o quanto as pessoas gastam com roupa não se relaciona necessariamente com o quanto elas ganham.
A gente te explica com um exemplo prático, de estilos de vida diferentes: tem cliente diretora de multinacional que não acha que o armário justifica uma fatia generosa do seu salário e, além de comprar pouco, se recusa a pagar mais de R$ 200,00 em um item; de outro lado, tem a cliente em começo de carreira que ama a ideia de construir um verdadeiro acervo e economiza ou parcela em muitas vezes a compra para ter um armário recheado de marcas de luxo.
Não há como falar em barato sem considerar perfis tão diferentes (inclusive relacionados a bagagem de vida) e sem se afastar do julgamento inicial sobre o armário de outra pessoa. E para entender qual é o seu perfil, não se endividar nem se tornar a fiscal dos gastos alheios, dá para começar a pensar em preço através de 3 direções: prioridade de compras, orçamento e maneira de consumir!
Por prioridade de compras a gente quer dizer enumerar o você sente falta no guarda-roupa de todo dia para planejar o que precisa entrar nesse armário para que ele se torne mais prático e mais prazeroso de vestir. Vale nota no celular fácil de atualizar, vale papel colado na porta do armário para preencher toda vez que tiver uma ideia do que melhoraria seu look, vale até planilha no excel com informações detalhadíssimas. Cria o hábito de anotar o que te desperta desejo e repara no que mais se repete para estabelecer uma ordem de necessidades.
Com esse planejamento em mãos, seu orçamento precisa ser observado com honestidade para entender como essas compras vão rolar na vida real - você estabelece um valor todo mês para esses gastos? vai economizar uma quantia e só comprar nas liquidações semestrais? pode parcelar compras mais altas e organizar os pagamentos mensalmente? Saber a quantia que você tem para gastar é oportunidade de escolher com mais cuidado.
E pode ser chato, mas aqui vai o conselho de quem lida com consumo diariamente: não vale a pena gastar mais do que você pode nem para satisfazer aquele desejo que hoje parece urgente. Se você considera mais importante comprar roupa do que sair para jantar fora, viajar no fim de semana ou fazer a unha na manicure semanalmente, isso é sobre estilo de vida e deve sim ser super levado em consideração! Mas se para acrescentar peças no seu armário você precisa cortar gastos essenciais e corre o risco de perder a paz e ter o nome negativado, acredita, amiga, aí é demais. Vai ter sempre um item-desejo na sua lista de prioridades e vale esperar outro momento para comprar.
É aqui que a gente chega na sua maneira de consumir, essencial para avaliar como esse orçamento vai ser dividido - entender como funciona a compra na sua vida, sem idealizar esse momento nem se pautar pelas prioridades ou orçamentos de outras pessoas, vai trazer satisfação e dizer o que é barato para você! Nossa dupla é exemplo prático disso: a Olivia ama uma novidade no armário, a criatividade dela está relacionada a ter itens novos de tempos em tempos e acompanhar algumas tendências atualiza o seu olhar. Para alguém como ela, o valor de cada peça precisa ser menor para que mais itens entrem no acervo a cada temporada, satisfazendo aos poucos esse desejo pela novidade (e uma lista maior de prioridades). Você se identifica?
Já para a Kami, ter um guarda-roupa menor é o que facilita a rotina e estimula a multiplicação das coordenações, por isso os acréscimos são mais pontuais e, mesmo se feitos de maneira muito sazonal, conseguem trazer criatividade. Para ela, a lista de prioridades costuma ser pequena e o orçamento pode ser dividido em menos peças ao longo do tempo, com um ticket médio maior e uma variedade de compras menor. Com esse panorama, fica claro que o barato nesse guarda-roupa talvez custe mais do que no armário da Oli!
Sem julgamento e com clareza, dá para fazer essa conta de maneira bem personalizada, diminuindo a ansiedade do consumo e fazendo valer seu próprio dinheiro - para além de custo-benefício, pensar em como você compra permite estabelecer critérios de "caro x barato" e colocar no armário o melhor que você pode com os recursos que se dispõe a gastar.
A gente até acha que roupa é muito legal, mas se observar e respeitar suas escolhas, sua história e até suas manias leva essa roupa para lugares muito mais legais do que seu armário! Faz as contas! <3
meninas, eu vi
A OLI SEGUIU: o Emilio Reinert, pianista franco-alemão premiado em diversos concursos e que hoje dedica a vida a ensinar. Além de tecnicamente muito bom, o artista chama a atenção pelo roteiro de suas performances: aparições surpresas em locais públicos para execução de peças clássicas ou de música moderna, emocionando quem está de passagem. Apesar de já questionada a espontaneidade desse conteúdo, fato é que suas sessões são lindas e o público parece realmente pego de surpresa pela ação, o que torna tudo mais interessante (e viral, claro)!
A KAMI OUVIU: o podcast "Conselhos que você pediu", em que a jornalista e criadora de conteúdo Isabela Reis recebe perguntas dos ouvintes e opina com empatia e franqueza sobre situações muito diversas. Em meio a tantos podcasts, esse é uma conversa sincera sobre a vida adulta e passa por temas variados como relação com os pais, cuidados com crianças, inveja da vida alheia, frustração profissional e até como lidar com aquela amiga "biscoiteira" no seu dia a dia. Para pensar sobre a nossa vida e a vida dos outros, mas com menos julgamento. Escuta!
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